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26 de julho, 2024

#103: Comida à base de Insetos c/ Vasco Esteves (EXTENDED)

Descobre como a produção de insetos pode transformar a indústria alimentar e combater a crise mundial de alimentos.

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Gerado pela Frigideira

O que é a produção de insetos para consumo humano?

A produção de insetos para consumo humano é um processo fascinante e inovador que começa com a criação dos insetos e termina com a transformação destes em alimentos variados. Este método destaca-se pela sua sustentabilidade, pois requer significativamente menos recursos do que a produção de carne tradicional.

Tudo começa com a criação dos insetos, como o tenebrio, num ambiente controlado. Os insetos são alimentados com subprodutos agrícolas, como restos de cereais de fábricas de cerveja, tornando o processo altamente sustentável e parte de uma economia circular.

Depois da criação, os insetos passam por várias etapas de processamento, incluindo abate, lavagem, tratamento térmico e secagem. Este processo assegura que o produto final seja seguro para consumo e rico em nutrientes. Os insetos são então transformados em alimentos como farinha de inseto, que pode ser utilizada em diversos produtos alimentares.

Este método não só poupa recursos, como também reduz o impacto ambiental, utilizando menos água e espaço e emitindo menos gases de efeito estufa. É uma solução promissora no combate à crise alimentar global e na busca por fontes de proteína mais sustentáveis.

Quais são os benefícios dos insetos como fonte de proteína?

  • Menor uso de recursos: Para produzir um quilo de proteína de inseto, são necessários muito menos recursos em comparação com a carne. Utilizam menos água e alimentos, o que torna o processo mais eficiente.
  • Menor impacto ambiental: A criação de insetos emite significativamente menos gases de efeito estufa quando comparada à pecuária tradicional. Além disso, os insetos podem ser criados em espaços menores, tornando a produção mais sustentável.
  • Eficiência na produção: Os insetos têm uma taxa de conversão alimentar superior à de muitas fontes tradicionais de proteína. Conseguem transformar os alimentos que consomem em massa corporal de forma muito mais eficiente.
  • Aproveitamento de resíduos: Insetos podem ser alimentados com subprodutos agrícolas e industriais que, de outra forma, seriam descartados, promovendo uma verdadeira economia circular.
  • Alta qualidade nutricional: A proteína de insetos não só é rica em aminoácidos essenciais, como também contém boas quantidades de ómegas 3, 6 e 9, proporcionando uma opção alimentar completa e saudável.

Que tipos de insetos são utilizados na alimentação humana?

Entre os insetos mais comuns na alimentação humana destaca-se o tenebrio. Este inseto, na sua forma de larva, é altamente valorizado devido às suas excelentes métricas de produção e sabor agradável. O tenebrio é fácil de criar em grande escala, exigindo menos recursos e proporcionando uma produção eficiente.

Outros insetos populares incluem grilos e gafanhotos, embora o seu cultivo seja um pouco mais desafiante. Grilos, por exemplo, requerem condições específicas de temperatura e umidade, enquanto os gafanhotos necessitam de mais espaço devido à sua capacidade de voo. Mesmo assim, ambos são reconhecidos pelo seu alto valor proteico.

Escolhe-se cada espécie com base em estudos de segurança rigorosos realizados pela União Europeia. Estes estudos garantem que os insetos sejam seguros para consumo humano. Além da segurança, os critérios incluem a facilidade de produção e o valor nutricional que estes insetos podem oferecer.

Como é feita a transformação dos insetos em alimentos?

  1. Abate dos insetos: O primeiro passo envolve a redução da temperatura para adormecer os insetos, tornando o processo mais ético. Este método de abate por frio garante que os insetos não sofram.
  2. Lavagem: Depois de abatidos, os insetos são lavados cuidadosamente para remover qualquer impureza. Esta etapa é crucial para assegurar a higiene e a segurança alimentar.
  3. Tratamento térmico: Os insetos são submetidos a um tratamento térmico para eliminar qualquer potencial patógeno. Este processo é semelhante ao cozimento que fazemos com outros alimentos, garantindo que o produto final seja seguro para consumo.
  4. Secagem: Seguidamente, os insetos passam por um processo de secagem que remove a maior parte da água. Este passo aumenta a vida útil do produto e facilita a sua transformação em farinha.
  5. Produção de farinha de inseto: Finalmente, os insetos secos são moídos até se transformarem numa farinha fina. Esta farinha de inseto pode ser utilizada em diversos produtos alimentares, como massas, bolachas, pão, entre outros.

Este processo meticuloso assegura um produto de alta qualidade, nutritivo e sustentável, pronto para ser incorporado na alimentação humana, contribuindo para uma solução inovadora e ecológica no combate à crise alimentar global.

Quais são os desafios na produção de insetos em larga escala?

Produzir insetos em larga escala não é uma tarefa fácil. Um dos principais desafios é a falta de tecnologia especializada. A maioria dos equipamentos disponíveis não está adaptada para a produção massiva de insetos. Isso obriga as empresas a desenvolverem as suas próprias soluções tecnológicas, o que pode ser um processo caro e demorado.

Outro grande obstáculo é a necessidade de educar o mercado. A introdução de novos produtos alimentares requer tempo e esforço para convencer tanto os consumidores quanto os produtores da sua viabilidade e benefícios. Este processo envolve enviar amostras, validar a qualidade, e adaptar os novos produtos às preferências do mercado.

A logística de uma produção descentralizada também é um desafio significativo. Para ser sustentável, a produção de insetos deve estar próxima das fontes de alimentação dos mesmos, como subprodutos agrícolas. Isso requer uma organização logística eficiente para minimizar custos e impactos ambientais. De modo a atingir essa eficiência, empresas como a Tecmafoods optam por modelos descentralizados utilizando contentores modulares.

Esses desafios mostram que, embora a produção de insetos para consumo humano seja promissora em termos de sustentabilidade e economia circular, há ainda um longo caminho a percorrer para a sua implementação em larga escala e aceitação generalizada.

Como combater o preconceito de comer insetos?

  • Educação nas escolas: Levar o estudo dos insetos como alimento para o currículo escolar pode normalizar a ideia. A educação desde cedo ajuda a quebrar paradigmas e moldar atitudes positivas.
  • Introdução gradual na alimentação: Começar por adicionar proteína de insetos em produtos comuns, como barras de proteína ou massas, permite que os consumidores se acostumem ao sabor e aos benefícios sem enfrentarem o impacto visual do inseto inteiro.
  • Uso de farinha de inseto em produtos comuns: Incorporar farinha de inseto em alimentos diários, como pão e bolachas, é uma maneira eficaz de aumentar a aceitação. A farinha é invisível nos produtos finais, reduzindo a resistência ao seu consumo.
  • Campanhas de sensibilização: Realizar campanhas que destacam os benefícios nutricionais e ambientais dos insetos pode ajudar a mudar a percepção pública. Mostrar como outras culturas já incorporam insetos na dieta pode servir de exemplo.
  • Promover degustações públicas: Organizar eventos de degustação com receitas criativas pode atrair curiosos e céticos, facilitando a aceitação através da experiência direta e positiva.
  • Parcerias com chefs renomados: Trabalhar com chefs de cozinha conhecidos para criar pratos gourmet com insetos pode ajudar a legitimar e popularizar estes novos ingredientes.

Questões Frequentes