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26 de julho, 2024

#131: IMOBILIÁRIO, DINHEIRO E FINANÇAS PESSOAIS SEM BULLSH*T c/ João Zoio

Descobre as melhores estratégias para o mercado imobiliário português com dicas práticas e sem bullshit.

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Gerado pela Frigideira

Como complicámos tanto o mercado imobiliário?

Ao refletir sobre a evolução do mercado imobiliário, é impressionante perceber como passámos de caçadores-coletores que construíam abrigos simples para um mercado tão complexo. No início, a necessidade básica de abrigo era resolvida com a construção de pequenos refúgios ou a ocupação de cavernas. Tudo mudou quando certos indivíduos começaram a marcar território, declarando "isto é meu" e construindo estruturas permanentes.

À medida que as cidades e infraestruturas cresceram, a população começou a concentrar-se em áreas urbanas, gerando um desequilíbrio entre oferta e procura de habitação. A industrialização também exigiu a concentração de mão de obra junto às fábricas, contribuindo para o crescimento das grandes cidades industriais. Com a evolução dos transportes, mesmo com a saída da indústria das cidades, as pessoas continuaram a viver nelas por conveniência.

O mercado imobiliário tornou-se cada vez mais sofisticado e lucrativo. O investimento não se resume apenas ao custo de construção, mas também à valorização potencial em função da localização e da dinâmica de procura e oferta. Decisões como remodelações e estratégias de marketing podem aumentar significativamente o valor de uma propriedade.

Esta complexidade é, em grande parte, alimentada pela busca constante de lucro e pela adaptabilidade às tendências de mercado. O resultado é um sistema onde o valor de uma casa é muito mais do que a soma das suas partes.

Por que existem tantas casas abandonadas em Portugal?

Em Portugal, cerca de 750 mil casas estão abandonadas. Diversos fatores culturais, burocráticos e económicos explicam esta situação e o impacto dela no mercado imobiliário é significativo.

Culturalmente, muitas propriedades são herdadas por famílias que podem não ter interesse ou capacidade financeira para manter ou renovar essas casas. A burocracia pesada, que dificulta os processos de licenciamento e construção, também desmotiva a reabilitação de imóveis.

Além disso, os impostos elevados sobre a construção e as incertezas no regime fiscal fazem com que promotores imobiliários hesitem em investir. Esta conjugação de fatores resulta na existência de inúmeras propriedades estagnadas.

Outro aspecto relevante é o número crescente de herdeiros à medida que o tempo passa. Muitas vezes, é difícil chegar a um consenso entre todos os herdeiros sobre o que fazer com a propriedade. Isto leva à inércia, deixando as casas a deteriorarem-se.

O impacto destas casas abandonadas é notório na oferta de habitação, pois limitam o número de imóveis disponíveis no mercado. A recuperação destas casas poderia aliviar a pressão sobre o mercado imobiliário português, expandindo a oferta e potencialmente reduzindo os preços das casas.

Comprar ou arrendar: qual é a melhor opção?

Comprar Casa

  • Investimento a longo prazo: A compra de casa pode ser um bom investimento, pois o imóvel tende a valorizar ao longo dos anos.
  • Estabilidade: Oferece ao comprador a segurança de ter uma propriedade. Ideal para quem planeia ficar na mesma área durante muito tempo.
  • Liberdade de modificação: O proprietário pode fazer obras ou modificações sem necessidade de autorização.
  • Apoio do banco: As taxas de juro podem ser mais baixas do que as rendas mensais.

Arrendar Casa

  • Flexibilidade: Arrendar permite maior mobilidade geográfica, ideal para carreiras que exigem mudanças frequentes.
  • Menor responsabilidade: O senhorio é responsável pela maioria das reparações e manutenções.
  • Custos iniciais menores: Não há necessidade de um grande capital inicial; ideal para quem não tem poupanças significativas.
  • Menor exposição ao mercado: Menos risco de perda financeira em caso de desvalorização do mercado imobiliário.

Para decisões informadas, não te esqueças de analisar o mercado imobiliário português e a tua condição financeira. Avalia bem o teu perfil de risco, as tuas perspectivas de carreira e a tua capacidade de poupança antes de tomar uma decisão.

Os preços das casas vão continuar a subir?

A dinâmica dos preços das casas em Portugal é complexa. A oferta limitada e a procura elevada criam um ambiente propício para a valorização contínua. Nos últimos anos, assistiu-se a um crescimento exponencial, principalmente em centros urbanos como Lisboa e Porto.

A influência de investidores estrangeiros também teve um papel crucial. Atraídos pelo regime de Golden Visa, muitos estrangeiros compraram imóveis, impulsionando ainda mais os preços. No entanto, esta realidade está a mudar, com uma proporcional diminuição nas compras por estrangeiros nos anos mais recentes.

Falar de uma bolha imobiliária é sensível. Embora haja quem diga que estamos numa bolha, os aumentos de preços não são uniformes em todo o país. Esse possível "abrandamento" da subida, especialmente fora das áreas mais urbanas, sugere uma correção natural, em vez de uma bolha pronta a rebentar.

Portanto, espera-se que os preços continuem a subir, mas possivelmente a um ritmo mais lento. Para qualquer decisão de investimento, é essencial monitorizar estas tendências e compreender o cenário económico global.

O papel da literacia financeira no mercado imobiliário

A literacia financeira é crucial para tomar decisões informadas no mercado imobiliário. Compreender conceitos económicos básicos, como juros, crédito e investimentos, pode fazer a diferença na hora de comprar ou arrendar uma casa.

Sem esse conhecimento, os compradores podem acabar a pagar mais do que o necessário ou a fazer investimentos desvantajosos. Por exemplo, alguns podem pensar erradamente que, ao comprar um imóvel financiado, assumem dívidas anteriores do vendedor.

Além disso, uma falta de literacia financeira pode levar a decisões impulsivas. As pessoas podem ser atraídas por ofertas aparentemente boas, sem considerar os custos ocultos e as implicações a longo prazo. Situações como esta evidenciam a importância de se educar financeiramente.

Melhorar a literacia financeira ajuda as pessoas a evitar armadilhas e a optimizar os seus recursos. No episódio “Homem Finanças: Como Ficar Milionário com o Salário Mínimo c/ Milton Simões”, discutimos várias estratégias para melhorar este aspecto.

Promover a educação financeira deve ser uma prioridade para que os compradores possam navegar o mercado imobiliário português com confiança e segurança.

O futuro do mercado imobiliário em Portugal

  1. Realidade Virtual (RV) e Aumentada (RA) A utilização de RV e RA permite visitas virtuais a propriedades, facilitando a visualização de imóveis sem a necessidade de deslocações físicas. Isto pode poupar tempo e recursos para compradores e vendedores. Startups já estão a explorar esta tecnologia, proporcionando uma experiência interativa e imersiva.
  2. Blockchain O uso de blockchain pode trazer maior transparência e segurança nas transações imobiliárias. Esta tecnologia permitiria o registo e verificação de propriedade de forma descentralizada e imutável, reduzindo a burocracia e o risco de fraude. Na prática, poderia substituir a necessidade de notários e garantir transações mais rápidas e seguras.
  3. Inteligência Artificial (IA) A IA pode revolucionar o mercado imobiliário ao fornecer análises de dados precisas e em tempo real sobre os preços das casas em Portugal, previsões de mercado e identificar tendências. Plataformas podem utilizar IA para personalizar sugestões de imóveis com base nas preferências e comportamento dos utilizadores, tornando o processo de compra ou arrendamento mais eficiente.

Estas inovações tecnológicas não só tornam o processo mais ágil e transparente, como também oferecem uma melhor experiência aos utilizadores. As empresas que investirem nestas tecnologias estarão um passo à frente na competição no mercado imobiliário português.

Questões Frequentes