26 de julho, 2024
Explora as ideias de Nuno Jerónimo sobre se a publicidade é manipulação e como a IA está a transformar o setor.
Gerado pela Frigideira
Nuno Jerónimo, fundador da agência de publicidade O Escritório, vê a publicidade como uma clara forma de manipulação. Para ele, as marcas são perceções abstratas que existem nas mentes dos consumidores. O objetivo da publicidade é precisamente moldar essas perceções e posicionamentos.
Segundo Nuno, ao falarmos em posicionamento de marca, estamos a lidar com a forma como indivíduos vêem uma determinada marca. Este esforço de alterar perceções e posicionamentos é, nas suas palavras, uma forma direta de manipulação. Manipulação, neste contexto, refere-se à capacidade de influenciar, de forma intencional, a forma como as pessoas percebem algo.
No entanto, Nuno faz uma distinção importante entre a manipulação negativa e positiva. Ele argumenta que nem toda manipulação é prejudicial. A manipulação torna-se problemática quando baseada em mentiras, algo que a transparência moderna e as redes sociais rapidamente desmascaram.
Portanto, a publicidade é mais do que apenas vender um produto; é influenciar como as pessoas pensam e sentem sobre uma marca. Esta manipulação pode ser feita para fins benevolentes ou insidiosos, dependendo da ética e dos objetivos da marca e dos publicitários envolvidos.
Nuno Jerónimo surge com uma explicação interessante para esse fenômeno, descrevendo como as marcas frequentemente esquecem o que realmente interessa às pessoas. Em muitas ocasiões, estão mais preocupadas em transmitir a própria mensagem do que em conectar-se com o público.
Ele argumenta que as marcas têm coisas para dizer, mas as pessoas muitas vezes não estão interessadas. Nos departamentos de marketing, há uma tendência de falar sobre "o público" como se fossem entidades separadas, sem perceber que, na verdade, são pessoas iguais a nós, com outros interesses e pouco tempo para ouvir conversas centradas nas necessidades das marcas.
Ainda que algumas campanhas publicitárias consigam captar a atenção, muitas vezes falham em criar uma conversa fresca e nova. A chave está em entender o que as pessoas querem ouvir e alinhar isso com o que a marca deseja comunicar. A arte reside em tornar-se um assunto e envolver os consumidores de forma que se sintam parte da história.
Portanto, a publicidade pode ser monótona quando não fala a linguagem do público, mas sim a das marcas. O segredo está em equilibrar o que as marcas querem dizer e o que as pessoas estão dispostas a ouvir.
Num cenário onde redes sociais e transparência predominam, a inovação e a empatia com o público são essenciais para escapar ao marasmo que muitas campanhas enfrentam.
A inteligência artificial (IA) está a revolucionar o mundo da publicidade de várias formas. Desde a criação de conteúdos até à personalização de mensagens, a IA permite um nível de precisão e eficiência sem precedentes.
Ferramentas como o ChatGPT e o MidJourney estão a ser utilizadas em muitas agências para otimizar processos e criar soluções inovadoras. O ChatGPT, por exemplo, ajuda na geração de textos publicitários, ao fornecer respostas rápidas e coerentes baseadas em vastos bancos de dados. Isto reduz significativamente o tempo necessário para brainstorming e elaboração de campanhas.
Por outro lado, o MidJourney revoluciona a criação de imagens. Basta inserir um briefing detalhado, e a ferramenta gera automaticamente imagens de alta qualidade que correspondem à visão criativa da agência. Tal como descrito por Nuno Jerónimo, estas ferramentas são particularmente úteis para criar maquetes rápidas e visualmente impactantes.
A personalização de mensagens também é um dos grandes trunfos da IA. As campanhas podem agora ser ajustadas em tempo real para diferentes públicos, aumentando a eficácia e a relevância das mensagens transmitidas. Este nível de personalização significa que cada consumidor pode receber uma experiência única, feita à medida dos seus interesses e comportamentos.
Para saber mais sobre o impacto da tecnologia, aconselhamos a leitura sobre inteligência artificial e a forma como está a moldar os negócios.
A relação entre publicidade e sustentabilidade é complexa. Por um lado, a publicidade incentiva o consumo que pode esgotar recursos naturais. Contudo, marcas como a Galp e Superboc estão a tentar reverter essa tendência.
As campanhas que visam práticas sustentáveis estão a tentar mudar a perceção pública. Por exemplo, a Galp, conhecida pela pegada de carbono, enveredou por copatrocinar a seleção portuguesa de futebol e assumir a responsabilidade de neutralizar a pegada carbónica da comitiva. Esta ação demonstra um esforço para melhorar a sua imagem e agir de forma mais sustentável.
O greenwashing é outro ponto crucial. Muitas marcas alegam ser sustentáveis sem ações substanciais para o comprovar. A transparência é vital para evitar estas práticas, pois os consumidores, hoje em dia, são rápidos a identificar falácias através das redes sociais.
A publicidade pode, de facto, ajudar a promover a sustentabilidade, mas é crucial que as ações, não apenas as palavras, reflitam esse compromisso. Para isso, as marcas devem ser genuínas nas suas iniciativas ambientais, evitando o greenwashing e buscando sempre a autenticidade.
A evolução tecnológica e a inteligência artificial (IA) trazem novos desafios para os criativos na publicidade. Adaptar-se a um mundo em constante mudança é essencial. Aqui estão alguns dos principais desafios:
Manter a relevância é crucial. A capacidade de se reinventar e atualizar constantemente é necessária. Criativos precisam conhecer as novas ferramentas e como utilizá-las de forma eficiente. A IA pode fazer grande parte do trabalho rotineiro, mas a visão e a inovação humanas ainda são indispensáveis.
Ferramentas como ChatGPT e MidJourney já estão a ser usadas para otimizar processos. Saber usar estas ferramentas a favor é fundamental. Por exemplo, o ChatGPT pode gerar ideias iniciais, mas é o toque humano que as torna únicas e impactantes.
A IA permite a personalização em massa das campanhas. Criativos devem aprender a definir parâmetros que as IA possam seguir para criar anúncios altamente personalizados. Isto aumenta a complexidade mas também a eficácia das campanhas.
Com a crescente importância da sustentabilidade, evitar greenwashing é um desafio. As campanhas precisam ser genuínas e as marcas transparentes nas suas ações. Esta autenticidade requer criatividade e integridade.
Com o avanço tecnológico, cresce também o risco de hacking e manipulação. Os criativos precisam estar vigilantes sobre como são usadas as suas campanhas e garantir que comunicam de forma ética e segura.
O futuro da publicidade está a ser moldado pela tecnologia, mas a necessidade de uma abordagem criativa e ética continua a ser fundamental. Adaptar-se e inovar são as chaves para se manter relevante num setor em rápida evolução.
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