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26 de julho, 2024

#156: CARROS ELÉTRICOS E O FIM DOS LOBBIES DO PETRÓLEO c/ José Pontes

Explora a verdade sobre a sustentabilidade dos carros elétricos, lobbies do petróleo, e o futuro dos veículos a hidrogénio.

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Gerado pela Frigideira

Os carros elétricos são mesmo verdes?

A sustentabilidade dos carros elétricos é um assunto quente. Vamos explorar a pegada ecológica destes veículos, desde a produção até à operação diária, e compará-los com os tradicionais carros a combustão.

Produção

  • Chassi e interiores: O impacto ambiental é semelhante em carros elétricos e a combustão, pois ambos precisam de materiais como aço e plástico.
  • Baterias: A extração de metais raros como lítio e cobalto tem um elevado custo ambiental. No entanto, a próxima geração de baterias vai focar-se mais na reciclagem, reduzindo a dependência de novas extrações.

Operação Diária

  • Emissões: Carros elétricos não emitem CO2 durante a condução, ao contrário dos carros a combustão que continuamente queimam combustível fóssil.
  • Fonte de energia: A sustentabilidade depende também de como a eletricidade é gerada. Se for através de fontes renováveis, a pegada ecológica reduz significativamente.

Reciclagem

  • Baterias: Empresas estão a investir na reciclagem de baterias, podendo utilizar até 90% dos materiais. Reciclar baterias usadas é crucial para minimizar o impacto ambiental.

Conclusão

  • Mais verdes, mas não perfeitos: Embora não sejam totalmente verdes, os carros elétricos são geralmente mais sustentáveis do que os veículos a combustão, especialmente na fase de utilização. A evolução tecnológica e a maior utilização de energias renováveis podem tornar os carros elétricos ainda mais ecológicos no futuro.

Qual é o futuro dos carros a combustão?

A transição para veículos elétricos está em marcha acelerada. Vamos discutir as políticas europeias para 2035 e exemplos de países que estão na vanguarda desta mudança, como a Noruega e a Suécia.

Políticas europeias para 2035

  • Proibição de venda de carros a combustão: A União Europeia estabeleceu que até 2035 não será permitido vender novos carros a combustão interna.
  • Exceções limitadas: Apenas os veículos que utilizem combustíveis sintéticos podem ser vendidos, mas o custo elevado destes combustíveis põe em causa a sua viabilidade.

Noruega e Suécia na vanguarda

  • Noruega: Este país está prestes a completar a transição para veículos 100% elétricos em 1-2 anos. Já está a 90% de vendas de veículos novos elétricos.
  • Suécia: A Suécia acompanha de perto, com políticas igualmente agressivas em prol da mobilidade elétrica.

Impacto no mercado

  • Adoção crescente: A União Europeia prevê uma transição efetiva para veículos elétricos antes da data limite de 2035.
  • Países adaptados: Algumas regiões já não serão afetadas pela data de 2035, estando muito à frente na transição.

A transição é irreversível. A questão não é “se” vai acontecer, mas “quando” e com que velocidade. Países líderes como a Noruega já estão próximos da total eletrificação dos seus veículos ligeiros.

Como os lobbies dos combustíveis influenciam o mercado?

Analisar a resistência à mudança por parte dos lobbies de combustíveis fósseis é fundamental para entender a dinâmica do mercado. Aqui estão alguns pontos principais:

Resistência à mudança

  • Lobby poderoso: As petrolíferas têm poder e influência significativos. Utilizam estes recursos para resistir à transição para alternativas mais verdes.
  • Desinformação: Financiamento de campanhas que semeiam dúvidas sobre a sustentabilidade dos carros elétricos e minimizam os benefícios das energias renováveis.

Aposta no hidrogénio

  • Alternativa atraente: O hidrogénio é visto pelas petrolíferas como um substituto viável para manter o monopólio. Ele ainda requer uma infraestrutura semelhante à de combustíveis fósseis.
  • Produção e distribuição: As petrolíferas podem controlar a produção, o transporte e a venda do hidrogénio, mantendo assim o seu domínio no mercado de energia.

Entrada dos governos

  • Investimentos e subsídios: Muitos governos, incluindo a União Europeia, incentivam projetos de hidrogénio como parte das suas estratégias de sustentabilidade.
  • Lobby político: As petrolíferas exercem influência política para garantir que o hidrogénio receba apoio governamental, apesar das críticas sobre os seus custos e eficiência.

Os lobbies dos combustíveis fósseis estão empenhados em manter o seu monopólio, utilizando o hidrogénio como ferramenta estratégica. Contudo, a transição para veículos elétricos e energias renováveis desafia este status quo.

Para mais detalhes sobre o impacto de grandes empresas na sustentabilidade, podes ver nosso episódio sobre Time Out Lisboa.

Qual é a diferença entre híbridos e híbridos plug-in?

Os veículos híbridos são uma ponte para a mobilidade elétrica total. Vamos entender as diferenças entre híbridos tradicionais e híbridos plug-in, assim como as vantagens e desvantagens de cada um.

Híbridos Tradicionais

  • Funcionamento: Possuem um motor a combustão que trabalha em conjunto com um motor elétrico auxiliar.
  • Bateria: Pequena e não recarregável externamente.
  • Vantagens:
    • Eficiência: Consomem menos combustível em comparação com veículos a combustão.
    • Custo inicial: Geralmente mais baratos que os híbridos plug-in.
  • Desvantagens:
    • Autonomia elétrica: Limitada, não permitem condução exclusivamente elétrica.
    • Dependência do combustível: Continuam a ser majoritariamente movidos a gasolina ou gasóleo.

Híbridos Plug-in

  • Funcionamento: Podem ser carregados através de uma tomada elétrica e possuem uma bateria maior.
  • Bateria: Grande e recarregável externamente.
  • Vantagens:
    • Autonomia elétrica: Possibilidade de conduzir apenas com energia elétrica por distâncias curtas (30-50 km).
    • Flexibilidade: Podem usar combustível fóssil para viagens mais longas.
  • Desvantagens:
    • Custo inicial: Mais caros devido à tecnologia adicional.
    • Peso: Baterias maiores aumentam o peso do veículo.

Papel na Transição

Ambos os tipos de híbridos ajudam a reduzir as emissões e a dependência de combustíveis fósseis. No entanto, os híbridos plug-in oferecem uma transição mais fluida para veículos 100% elétricos para quem ainda tem receios sobre a autonomia.

A escolha entre híbridos tradicionais e plug-in depende das necessidades de cada

A infraestrutura de carregamento é suficiente?

Avaliar a infraestrutura de carregamento atual é crucial para entender os desafios e oportunidades na expansão dos veículos elétricos. Aqui estão os pontos principais:

Situação Atual

  • Expansão Lenta: A quantidade de postos de carregamento está a crescer, mas não acompanha a rápida adoção dos veículos elétricos.
  • MobiE: Em Portugal, a MobiE gere operadores de carregamento e fornecedores de energia, simplificando o processo com um sistema de roaming único.

Desafios

  • Demanda Elevada: Nos períodos de pico, os condutores enfrentam longas filas para aceder aos carregadores disponíveis.
  • Burocracia: Há queixas sobre a lentidão no processo de instalação de novos pontos de carregamento, afetando a expansão rápida da rede.

Exemplos de Outros Países

  • Países Baixos: Permitem que os cidadãos peçam à Câmara Municipal a instalação de carregadores nas ruas, o que facilita a expansão da infraestrutura.
  • Noruega: Possui uma das redes de carregamento mais desenvolvidas, com estações em locais estratégicos como supermercados e centros comerciais.

Soluções

  • Carregadores em Locais Estratégicos: Instalação em centros comerciais, restaurantes e estações de serviço para manter os condutores entretidos enquanto carregam.
  • Apoio Governamental: Incentivos e reduções de burocracia para acelerar a instalação de novos carregadores.
  • Tecnologia Avançada: Investimento em carregadores rápidos e ultra-rápidos para reduzir o tempo de espera.

A infraestrutura de carregamento precisa urgentemente de se expandir e melhorar para suportar o número crescente de veículos elétricos nas nossas estradas.

A rede elétrica aguenta com tantos carros elétricos?

A capacidade da rede elétrica para suportar um aumento massivo de veículos elétricos é um tema crucial, especialmente com a transição acelerada para uma mobilidade mais sustentável.

Infraestrutura Trifásica

  • Casas particulares: Em países do norte da Europa, instalações trifásicas são comuns, permitindo carregamentos mais rápidos (11-22 kW). Em Portugal, essa infraestrutura não é tão comum, limitando o carregamento a 10 kW.
  • Modernização necessária: Para acomodar mais veículos elétricos, a rede elétrica portuguesa precisa de atualizações significativas.

Soluções Tecnológicas

  • Armazenamento de energia: Utilizar baterias de veículos elétricos para armazenar energia pode ajudar a equilibrar a rede. Há também a possibilidade de armazenamento em sistemas de hidrogénio.
  • Carregamento inteligente: Carregar os carros durante horários de menor consumo, como a meia-noite às 7 da manhã, pode ajudar a gerir a demanda.

Desafios

  • Redução de perdas: Tecnologias como supercondutores à temperatura ambiente (ex: LK99) podem revolucionar o transporte de energia, reduzindo perdas e melhorando a eficiência.
  • Capacidade de produção: Aumentar a produção de energia renovável é crucial. Opções incluem a instalação de mais painéis solares e, potencialmente, centrais nucleares.

Conclusão

A rede elétrica tem desafios a superar, mas com atualizações na infraestrutura e novas tecnologias de armazenamento e redução de perdas, é possível suportar um futuro dominado por veículos elétricos.

Questões Frequentes