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26 de julho, 2024

#167: HUMANOS COM MEDO DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL c/ Sebastião Villax

Exploramos os receios e as oportunidades da Inteligência Artificial com Sebastião Villax, da Defined.ai.

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Gerado pela Frigideira

Porque é que temos medo da Inteligência Artificial?

O medo da inteligência artificial é real e crescente. Vem de diversas direções. Muitos receiam perder os seus empregos para máquinas. Este medo não é infundado: a automação e a robotização têm substituído postos de trabalho em várias indústrias. A rapidez com que a IA avança só agrava esta preocupação, deixando muitos com a sensação de que é impossível acompanhar o ritmo das mudanças.

A cultura popular também não ajuda. Filmes como "O Exterminador Implacável" e "2001: Odisseia no Espaço" pintam a IA como uma ameaça. Estes filmes mostram cenários onde máquinas altamente inteligentes assumem o controlo, frequentemente com consequências desastrosas para a humanidade.

Mas o medo não se limita a perder empregos ou a ver a humanidade suplantada por máquinas. Há também uma preocupação sobre privacidade e segurança. Veículos como o Bitalk discutem questões relacionadas com a felicidade e o impacto tecnológico, refletindo o que muitos pensam: mais tecnologia pode não significar mais bem-estar.

Em suma, os receios de perda de emprego, a velocidade do avanço tecnológico e as narrativas assustadoras da cultura popular são os principais motores desse medo. É fundamental discutir e entender melhor esses receios para lidar com eles de forma eficaz.

A Inteligência Artificial vai substituir os humanos?

Uma questão recorrente é se a inteligência artificial (IA) vai realmente substituir os humanos. A ideia de "human in the loop" é crucial aqui. Embora a IA possa automatizar muitas tarefas, os humanos continuam a ser vitais para monitorizar, ajustar e melhorar estes sistemas.

A inteligência artificial, como o nome indica, envolve algoritmos e modelos que aprendem com dados. No entanto, a "consciência artificial" é outra história. Enquanto a IA realiza tarefas específicas, a consciência artificial implicaria uma autoconsciência, capacidades de raciocínio, e emoções similares às humanas. Isso ainda está muito longe de ser alcançado.

Portanto, ao contrário do que muitos filmes e livros sugerem, a IA não vai substituir os humanos. Continuaremos a ser necessários para guiar e evoluir estas tecnologias. As máquinas não detêm a criatividade, o julgamento ou a empatia que os humanos possuem. Estes elementos são fundamentais em diversos setores como saúde, educação e claro, na inovação constante das próprias tecnologias de IA.

Como é que os dados alimentam a Inteligência Artificial?

Os dados são o combustível essencial para o treino de modelos de IA. Sem dados, estas tecnologias não conseguem aprender, melhorar e evoluir. O processo começa com a recolha de dados, onde se obtém informação de diversas fontes, como redes sociais, transações comerciais ou até sensores em dispositivos IoT. Este passo inicial é crítico e precisa ser feito de forma ética e com consentimento informado.

Após a recolha, vem o fine-tuning. Neste estágio, os dados são refinados para melhorar a precisão dos modelos. É como afinar um instrumento musical para que esteja perfeitamente ajustado. Este passo assegura que os modelos de IA sejam específicos para o contexto no qual serão aplicados, seja em marketing, saúde ou qualquer outra área.

Para garantir a eficácia, é imprescindível que os dados sejam representativos e não enviesados. Dados enviesados podem levar a decisões erradas e a práticas discriminatórias. Por isso, a necessidade de dados diversificados e equilibrados, como os utilizados pela IKEA para estratégias de marketing, é fundamental para o sucesso de modelos de IA.

Quais são os desafios éticos na utilização de dados?

A utilização de dados na inteligência artificial levanta vários desafios éticos. Um dos principais pontos é a necessidade de consentimento informado. As pessoas devem saber exatamente para que estão a ceder os seus dados e como estes serão utilizados.

Além do consentimento, é crucial garantir práticas justas e éticas na recolha de dados. Isto inclui compensar de forma justa aqueles que fornecem os seus dados e assegurar que a recolha é feita de forma transparente e legal. Modelos de inteligência artificial só serão eficazes se os dados forem representativos e não enviesados, evitando assim decisões prejudiciais ou discriminatórias.

Num contexto onde a privacidade é uma preocupação crescente, a anonimização de dados surge como uma solução. Esta prática permite que se utilizem informações sem que se identifique diretamente os indivíduos, protegendo assim a sua identidade.

Portanto, para evitar problemas éticos e garantir a confiança pública, é fundamental implementar práticas sólidas de recolha e utilização de dados. Empresas e reguladores devem trabalhar juntos para criar um ambiente transparente e justo, promovendo o desenvolvimento responsável da inteligência artificial.

Como é que a regulação pode afetar o desenvolvimento da IA?

As diferenças na regulação da inteligência artificial (IA) entre a Europa e os Estados Unidos são marcantes. A Europa adota uma abordagem mais restritiva e detalhada, como evidenciado pelo recente AI Act, que impõe diversas restrições e multas rigorosas.

Este quadro regulatório europeu pode travar a competitividade e inibir o desenvolvimento tecnológico, ao impor barreiras que dificultam a inovação. As empresas na Europa podem encontrar desafios ao tentar cumprir todas as normas, o que pode levar a um atraso no lançamento de novos produtos e serviços.

Nos Estados Unidos, a abordagem é mais flexível e orientada por diretrizes, permitindo uma evolução mais rápida e adaptável da IA. A "Bill of Rights" da IA proposta pelo Presidente Biden exemplifica esta postura menos restritiva, permitindo que empresas como a Defined.ai colaborem com o governo para definir práticas éticas e seguras, sem sufocar o progresso tecnológico.

Esta diferença na regulação pode fazer com que a Europa fique atrás na corrida tecnológica, enquanto os Estados Unidos continuam a liderar a inovação. Portanto, é imprescindível encontrar um equilíbrio entre proteção e incentivo à inovação para assegurar o desenvolvimento sustentável e competitivo da IA.

A Inteligência Artificial vai acabar com os call centers?

A Inteligência Artificial está a revolucionar os call centers, transformando a forma como operam e melhorando a eficiência. No entanto, isso não significa que os seres humanos serão completamente substituídos.

A IA pode resolver tarefas repetitivas e simples, permitindo que os agentes humanos se concentrem em questões mais complexas e que requerem uma interação pessoal. Por exemplo, consultas comuns como "ainda temos stock de um produto?" podem ser respondidas instantaneamente por um chatbot.

Recentemente, a Defined.ai lançou o projeto Accelerate AI, que visa criar modelos de IA conversacionais. Este projeto está focado em automatizar respostas para perguntas frequentes, mas também em expandir o uso da IA em língua portuguesa. Desta forma, a tecnologia pode ajudar os agentes a serem mais produtivos e a oferecerem um serviço de maior qualidade.

Ao automatizar tarefas rotineiras, os trabalhadores dos call centers podem adquirir novas competências e qualificações, tornando-se mais valiosos no seu trabalho. Esta mudança não só melhora a eficiência, mas também contribui para a evolução profissional dos empregados.

Esta evolução no setor dos call centers é uma amostra do impacto positivo que a inteligência artificial pode ter quando bem implementada.

O que podemos fazer para nos prepararmos para a mudança?

Para enfrentar as mudanças trazidas pela IA, a requalificação e a educação contínua são essenciais. Nunca foi tão importante ter a capacidade de aprender novas habilidades e adaptar-se rapidamente a novas funções.

Estados e empresas têm papéis fundamentais nesta transformação. Os governos devem promover políticas de apoio à educação contínua e criar programas acessíveis de requalificação profissional. Tão importante quanto isso, precisam de garantir que as regulamentações incentivem o desenvolvimento de competências relevantes para o futuro.

As empresas também têm uma enorme responsabilidade. Elas devem investir na formação dos seus colaboradores de forma contínua. Iniciativas como treinamentos regulares e acesso a ferramentas de aprendizagem são cruciais para garantir que os trabalhadores possam acompanhar as mudanças tecnológicas. A melhoria contínua é fundamental para o sucesso da transformação empresarial, como já discutimos num episódio anterior do Bitalk.

Além disso, a motivação pessoal é chave. Cada trabalhador deve estar disposto a explorar novas áreas e a aprender constantemente. Encontrar a paixão pelo que se faz pode fazer toda a diferença, tal como discutimos no nosso Season Recap.

Em suma, preparar-se para a era da IA é uma tarefa conjunta que envolve desafios mas também oportunidades, desde que haja um esforço coordenado entre indivíduos, empresas e governos.

Questões Frequentes