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26 de julho, 2024

#169: POLÍTICOS ADORAM UM PAU-MANDADO c/ Luis Almeida Fernandes

Descobre as soluções propostas para transformar o Serviço Nacional de Saúde e enfrentar os desafios atuais.

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Gerado pela Frigideira

Por que os médicos e enfermeiros não recebem bem?

Os profissionais de saúde em Portugal, como médicos e enfermeiros, enfrentam sérias dificuldades salariais que afetam a sua motivação e eficiência no trabalho.

Uma das razões principais é a comparação desfavorável com o setor privado. Médicos e enfermeiros que trabalham no setor público frequentemente realizam menos procedimentos e consultas do que aqueles no setor privado, devido a processos burocráticos que consomem tempo. Estas ineficiências não apenas reduzem o rendimento potencial, mas também aumentam a frustração entre os profissionais de saúde.

Adicionalmente, a burocracia é um obstáculo constante. Muitos profissionais relatam que grande parte do seu tempo é desperdiçado com tarefas administrativas e com a má gestão dos recursos hospitalares. Por exemplo, a falta de ferramentas específicas ou a ausência de um membro da equipa pode paralisar operações, causando atrasos e desperdício de tempo que poderiam ser dedicados aos cuidados médicos.

Estes fatores combinados criam um ambiente de trabalho onde a eficiência e a produtividade são comprometidas, resultando em remunerações que não correspondem ao esforço e ao nível de qualificação dos profissionais de saúde.

Quais são os principais problemas de gestão no SNS?

O Serviço Nacional de Saúde (SNS) em Portugal enfrenta diversos problemas de gestão que afetam o seu desempenho global. Eis uma lista dos principais desafios:

  • Processos ineficientes: Os procedimentos burocráticos consomem tempo valioso dos médicos e enfermeiros, impedindo-os de focar-se nos cuidados aos pacientes.
  • Falta de autonomia: Os gestores públicos muitas vezes não têm a liberdade necessária para tomar decisões rápidas e eficazes, dependendo de aprovações superiores para até mesmo pequenos ajustes operacionais.
  • Problemas de talento na gestão: A atratividade limitada do setor público para gestores de topo resulta numa falta de talento capaz de implementar mudanças significativas.
  • Baixa motivação dos profissionais de saúde: A frustração com processos burocráticos e a carga administrativa que acompanha a prática clínica no setor público diminui significativamente a motivação.
  • Divisão de responsabilidades: A duplicação de funções entre equipas políticas e de gestão causa conflitos e ineficiências, dificultando uma gestão integrada e coerente do SNS.

Para saber mais sobre os desafios de burocracia não apenas no setor da saúde, mas também em outras indústrias, podes ouvir o nosso episódio sobre os desafios burocráticos para as empresas em Portugal.

Como a gestão privada difere da gestão pública na saúde?

Nos hospitais privados, a eficiência e a qualidade dos serviços são notoriamente superiores às do setor público. Uma das razões para isso é a competência dos gestores. Gestores privados são frequentemente selecionados por sua capacidade de otimizar processos e manter altos padrões de operação. Esta competência contrasta com a gestão pública, onde a burocracia e a falta de autonomia são obstáculos constantes.

Gestores no setor privado têm mais flexibilidade para tomar decisões rápidas, ajustar processos e implementar mudanças. Eles também conseguem gerir recursos de forma mais eficaz, garantindo que equipamentos e pessoal estejam sempre disponíveis. Por exemplo, um hospital privado que enfrenta a falta de uma ferramenta específica consegue rapidamente adquirir o equipamento necessário e manter as operações sem interrupções.

Em contrapartida, gestores públicos lidam com inúmeros desafios. A dependência de aprovações superiores para pequenos ajustes operacionais e a falta de recursos são apenas algumas das dificuldades. Além disso, a necessidade de reportar constantemente a diferentes stakeholders consome tempo valioso que poderia ser dedicado à melhoria dos serviços de saúde.

Esta diferença na gestão impacta significativamente a satisfação e a motivação dos profissionais de saúde, contribuindo para um desempenho inferior nos hospitais públicos quando comparados aos privados. Esta comparação é evidente na forma como a medicina personalizada está a transformar o futuro da saúde em alguns hospitais privados, proporcionando cuidados mais precisos e eficientes.

O que é necessário para atrair gestores competentes para o setor público?

Atrair gestores competentes para o setor público em Portugal enfrenta vários obstáculos. Um dos principais desafios é a questão dos salários. Os vencimentos no setor público são frequentemente inferiores aos do setor privado, o que torna menos atrativo para gestores experientes.

Além dos salários, a exposição mediática é outro fator desencorajador. Trabalhar no setor público muitas vezes envolve uma exposição elevada e crítica constante, o que pode afastar os melhores talentos.

Para resolver estes problemas, é essencial reformular políticas salariais e proporcionar uma maior autonomia aos gestores. A criação de um ambiente que permita a implementação de mudanças significativas sem a contínua interferência política pode também ser um atrativo.

Estas dificuldades mostram que há muito a fazer para que o setor público se torne um destino preferido para gestores competentes, que possam contribuir para melhorar serviços como o SNS Portugal.

Quais são as soluções propostas para melhorar o SNS?

  1. Criação de Centros de Responsabilidade Integrados (CRIs): Estes centros permitem que equipas clínicas, compostas por médicos, enfermeiros e outros profissionais, operem com maior autonomia. A gestão mais independente aumenta a eficiência e a motivação, ao mesmo tempo que melhora os resultados para os pacientes.
  2. Implementação de Modelos Contratuais mais Eficientes: Modelos como as USFs modelo B nos centros de saúde, que oferecem incentivos financeiros à equipa clínica por atingirem metas e objetivos, tornam-se essenciais. Estes modelos aumentam a produtividade e a satisfação no trabalho.
  3. Melhoria dos Processos Administrativos: A simplificação das tarefas administrativas e a digitalização de processos, como o Registo de Saúde Eletrónico (RSE), podem libertar mais tempo para os profissionais de saúde se dedicarem ao atendimento direto aos pacientes.
  4. Gestão de Talento e Formação Contínua: Investir na formação contínua dos gestores e profissionais de saúde é vital. Melhores práticas de gestão e uma formação adequada podem resultar em processos mais eficientes e uma gestão mais eficaz dos recursos disponíveis.
  5. Maior Autonomia para os Gestores: Conceder mais autonomia aos gestores de saúde pública permite-lhes tomar decisões rápidas e eficazes, sem depender sempre de aprovações superiores, melhorando assim a operacionalidade e resposta do sistema de saúde.

Questões Frequentes