29 de julho, 2024
Descobre com Pedro Freitas, o Poeta da Cidade, se ser artista em Portugal significa viver na pobreza e como as redes sociais podem mudar esse cenário.
Gerado pela Frigideira
Pedro Freitas aborda de forma assertiva a questão da pobreza entre artistas em Portugal. Ele acredita que a narrativa de que ser artista implica necessariamente aceitar a pobreza está desatualizada e não corresponde à realidade atual.
Para Pedro, a chave está na capacidade de inovação e de empreendedorismo dos próprios artistas. No seu caso, a criação de uma comunidade fiel através das redes sociais, como o TikTok, foi crucial para a sustentabilidade do seu trabalho enquanto poeta. Ele demonstra que, com uma estratégia bem pensada, é possível transformar a arte num negócio viável.
No entanto, não ignora as dificuldades enfrentadas. Freitas reconhece que a cultura em Portugal, historicamente, dependeu muito do Estado e dos subsídios. Mas enfatiza que é possível mudar este panorama através de novas abordagens e pela criação de conteúdo autêntico que ressoe com o público.Para percebermos melhor esta relação de dependência do Estado, podes consultar este artigo sobre como os portugueses não gastam o dinheiro dos fundos disponíveis aqui.
Portanto, ser artista em Portugal pode ser difícil, mas não é sinónimo de pobreza. Com inovação e determinação, os artistas podem encontrar formas de sustentar a sua arte e viver dela.
Pedro Freitas está a usar o TikTok como uma ferramenta poderosa para alcançar uma audiência mais jovem e diversificada. Ele começou por publicar vídeos onde declamava poesia, muitas vezes de forma inovadora e até humorística.
Estes vídeos rapidamente ganharam tração, ajudando-o a construir uma comunidade fiel no TikTok. A plataforma permitiu-lhe criar conteúdos que ressoam de forma imediata com os espectadores, ajudando a poesia a atravessar barreiras e a chegar a novos públicos.
Ao experimentar diferentes formatos e adaptar-se às preferências do TikTok, Pedro conseguiu transformar a poesia numa experiência dinâmica e acessível. Desta forma, não só ampliou o alcance do seu trabalho, mas também alterou a forma como a poesia é consumida, tornando-a mais relevante e próxima das novas gerações.
Pedro Freitas tem uma visão crítica sobre o acordo ortográfico e a forma como ele afeta a leitura e escrita em Portugal e no Brasil. Ele considera que a imposição de mudanças linguísticas por decreto é ineficaz e artificial. Segundo o poeta, a língua deve evoluir naturalmente, com base no uso dos seus falantes, e não através de modificações impostas por entidades superiores.
O acordo ortográfico foi instituído para aproximar o português europeu do português do Brasil. No entanto, Pedro argumenta que essas mudanças são meramente superficiais e não conseguem criar uma verdadeira unificação linguística. Para ele, a língua é um sistema vivo, que se adapta e muda conforme as necessidades dos seus utilizadores. As diferenças culturais e contextuais entre Portugal e Brasil vão muito além de simples alterações ortográficas, como ele enfatiza na entrevista.
De acordo com Pedro Freitas, medidas impostas, como a simplificação de palavras ou a eliminação de certas letras, não influenciam significativamente a compreensão ou a prática da leitura. Ele acredita que a verdadeira mudança vem da criação de conteúdos relevantes e acessíveis, capazes de atrair e engajar os leitores de todas as faixas etárias. Para percebermos melhor esta questão da crise da leitura, consulta este artigo sobre o impacto da linguagem jurídica na sociedade.
O consumo de conteúdos brasileiros está a modificar a forma como as crianças portuguesas falam e escrevem. Através de plataformas como YouTube e TikTok, onde há uma abundância de conteúdos brasileiros, os mais jovens são expostos diariamente a expressões e sotaques do Brasil.
Muitas crianças chegam a incorporar termos brasileiros no seu dia a dia, como "suco" em vez de "sumo". Esta influência é significativa ao ponto de algumas crianças precisarem de aulas de terapia da fala para lidar com estes desvios linguísticos.
Pedro Freitas sublinha que esta exposição constante ao português do Brasil pode levar a uma alteração fisiológica na forma como as crianças produzem sons específicos da língua portuguesa. Este fenómeno pode ser um problema quando estas crianças entram na escola, onde os materiais educativos estão feitos para a variante europeia do português.
A solução para minimizar esta influência pode passar por um maior investimento na criação de conteúdos locais de qualidade em português europeu. As bibliotecas municipais, com o devido financiamento, poderiam desempenhar um papel fundamental na disponibilização de livros contemporâneos que atraíssem os mais jovens, ajudando a equilibrar a balança cultural.
A língua portuguesa é conhecida pela sua complexidade e pelos desafios que apresenta tanto para falantes nativos quanto para estrangeiros. Entre os erros ortográficos mais comuns, destacam-se confusões como "fato" sem "C" e "facto" com "C," resultantes do acordo ortográfico.
A diferença entre o português europeu e o brasileiro torna tudo ainda mais complicado. Por exemplo, enquanto em Portugal se diz "sumo," no Brasil diz-se "suco." Estas diferenças não são meramente linguísticas; elas refletem diferentes contextos culturais.
Pedro Freitas sublinha que os erros ortográficos estão por toda a parte – desde sinais de trânsito a cartazes políticos. Na sua visão, a língua é um sistema vivo e deve evoluir naturalmente, sem imposições artificiais. O acordo ortográfico, tentado unir as variantes lusófonas, não conseguiu a aproximação desejada entre o português europeu e o brasileiro, como esperava.
Além disso, a estrutura fonológica do português é uma barreira, especialmente para crianças influenciadas pelo português do Brasil através de plataformas como TikTok e YouTube. Estas dificuldades são exacerbadas pela complexidade de sons e regras ortográficas da língua.
Para quem está a estudar português ou a lidar com estas dinâmicas, é essencial reconhecer estas nuances e adaptar-se continuamente.
O baixo índice de leitura em Portugal é um problema que chama a atenção de muitos, incluindo o poeta Pedro Freitas. Para ele, o sistema educativo é um dos principais culpados.
Freitas critica a abordagem anacrónica e pouco envolvente que as escolas adotam. Em vez de estimular um verdadeiro gosto pela leitura, o ensino escolar transforma a literatura numa série de exercícios de avaliação, ou como ele descreve, numa "seca". Os alunos são forçados a ler obras que não lhes despertam interesse, como "Os Lusíadas", sem antes constituírem hábitos de leitura com livros que realmente gostam.
Outro fator crítico é a falta de incentivo fora do ambiente escolar. Com as redes sociais e plataformas como TikTok a dominar o tempo livre dos jovens, a leitura de textos longos perde espaço para conteúdos mais imediatos e de fácil consumo. Esta mudança de comportamento faz com que muitos jovens não consigam ler um texto maior do que dois parágrafos, dificultando a sua capacidade de concentração e entendimento.
Pedro Freitas enfatiza que para reverter esta situação, é necessário reformular tanto o modo como a literatura é abordada nas escolas como criar conteúdos que realmente atraiam os jovens. A falta de livros inspiradores nas bibliotecas municipais apenas agrava o problema. Se queremos que a leitura deixe de estar em crise, precisamos de investir na criação de conteúdos acessíveis e relevantes para as novas gerações.