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29 de julho, 2024

#87 PT1: Infraspeak - Soon to be Unicorn? c/ Felipe Ávila Costa

Descobre as estratégias que levaram a Infraspeak a tornar-se uma referência no mercado de gestão operacional.

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Gerado pela Frigideira

Quem é a Infraspeak e o que faz?

A Infraspeak é uma plataforma de gestão operacional de infraestruturas que promete revolucionar a forma como edifícios são mantidos e geridos. A sua missão é facilitar a vida de gestores de instalações, como hotéis, hospitais, shoppings e aeroportos, ao proporcionar uma solução integrada para todas as tarefas de manutenção, auditorias, gestão energética e mais.

Eles utilizam tecnologia avançada, como etiquetas NFC, para garantir a presença no local e facilitar a comunicação entre equipas. Essa abordagem permite identificar problemas rapidamente, seja na limpeza, segurança ou avarias de equipamento, assegurando que tudo funcione perfeitamente, mesmo antes que alguém se aperceba de um possível problema.

A Infraspeak transforma o que tradicionalmente era uma desorganização de papel e Excel num sistema fluido, dinâmico e eficiente, empenhado em melhorar a qualidade do serviço e a segurança em grandes infraestruturas.

Como a Infraspeak iniciou no mercado?

O percurso inicial da Infraspeak no mercado começou com um projeto académico do co-fundador Luiz Martins. Formado em engenharia civil, Luiz desenvolveu um software de manutenção como parte do seu projeto final de curso. A proposta foi tão bem recebida pela Faculdade de Engenharia do Porto que se tornou a base para a utilização prática.

Nos primeiros dois anos, Luiz continuou a melhorar o software, atendendo às necessidades específicas da Faculdade e de uma empresa de ar-condicionado. Durante esse período, Felipe Ávila Costa juntou-se à iniciativa. Conheceram-se na Uptech, um programa de aceleração do Parque Ciência e Tecnologia da cidade do Porto. Aqui, desenvolveram uma abordagem centrada no cliente, utilizando contactos iniciais para perceber as reais necessidades dos utilizadores finais.

A estratégia inicial focou-se em explorar as redes de conhecidos e profissionais para identificar empresas interessadas. Em vez de uma abordagem de vendas agressiva, optaram por uma metodologia de customer discovery, envolvendo-se com hotéis, hospitais e outras potencialidades para entender os seus desafios e adaptar o produto conforme necessário.

Para mais informações sobre as estratégias adotadas por outras startups, podes ver este episódio em que discutimos ideias semelhantes.

Qual foi a estratégia de financiamento inicial?

A Infraspeak adotou uma abordagem distinta em relação ao financiamento nas suas fases iniciais. Antes de procurar investimento externo, a startup optou por financiar-se através dos seus clientes. Esta decisão estratégica foi crucial para ganhar tempo e validar o produto no mercado real.

Durante os primeiros 14 meses, os fundadores, Felipe Ávila Costa e Luiz Martins, não receberam salários, reinvestindo todos os rendimentos gerados diretamente na operação. A Infraspeak cobrava uma setup fee e mensalidades dos seus clientes, o que permitiu não só a sobrevivência como também o recrutamento das primeiras contratações.

Manter a empresa financeiramente independente dos investidores, enquanto atingiam marcos específicos de desenvolvimento, era uma forma de assegurar que qualquer capital levantado futuramente seria utilizado de forma eficiente. Todo este período de autofinanciamento proporcionou à Infraspeak a oportunidade de testar o mercado, refinar o seu produto e estabelecer uma base de clientes sólida antes de considerar o aumento de capital através de rondas de investimento.

Para saber mais sobre os desafios e estratégias de outras startups, aconselhamos ler sobre as experiências das startups em Portugal.

Como a Infraspeak utilizou programas de aceleração?

A participação da Infraspeak em programas de aceleração foi um marco crucial na sua trajetória de crescimento. Inicialmente, envolveram-se com o Lisbon Challenge, uma iniciativa que lhes permitiu aceder a redes importantes e ganhar visibilidade no ecossistema de startups. Este programa foi um meio de validar a sua proposta de valor e entender melhor o mercado.

Posteriormente, a decisão de participar na prestigiada 500 Startups em São Francisco consolidou ainda mais a sua estratégia. A experiência proporcionada por este programa foi vasta, incluindo mentoria intensiva, formação e acesso a uma comunidade global de empreendedores. Durante os quatro meses nos Estados Unidos, a Infraspeak mergulhou no ecossistema de Silicon Valley, onde absorveu práticas avançadas de vendas e operações de mercado.

Este contacto direto com uma rede global de experts e startups permitiu-lhes refinar os seus processos e metodologias. Em vez de apenas receberem financiamento, adquiriram um conhecimento impagável que acelerou a sua evolução, tornando-os mais competitivos a nível internacional.

Para uma visão mais detalhada sobre a importância dos programas de aceleração, referimos episódios recentes do Bitalk sobre os benefícios destes programas e como as startups queimam dinheiro.

Quando e porquê levantar capital?

A Infraspeak tomou a decisão de levantar capital no momento certo, após validar o seu produto no mercado e alcançar um nível sólido de operações. Inicialmente, mantiveram-se focados em autofinanciar-se através de receitas dos clientes, adiando o investimento externo até ser absolutamente necessário.

A primeira ronda significativa aconteceu quando participaram na 500 Startups, onde receberam 125 mil dólares e, o mais importante, um acesso valioso a mentoria e networking. Estes elementos foram fundamentais para refinar processos de venda e escalar operações de forma eficaz.

Um ano e meio depois, a Infraspeak levantou 1.6 milhões de dólares, permitindo-lhes expandir de forma mais assertiva, incluindo a abertura de escritórios internacionais e duplicando a equipa de engenharia. A decisão de levantar capital foi baseada numa análise meticulosa das necessidades de cada fase do crescimento, garantindo que o investimento fosse utilizado da forma mais eficiente possível.

Para mais detalhes sobre as avaliações de mercado e processos de financiamento, não deixes de conferir este episódio.

Como garantir o Product Market Fit?

Alcançar o Product Market Fit é essencial para o sucesso de uma startup. A experiência da Infraspeak oferece lições valiosas nessa área. Aqui ficam algumas das melhores práticas:

  • Entender as necessidades do cliente: Antes de desenvolver um produto, fala com potenciais clientes para entender as suas dores e necessidades.
  • Explorar redes pessoais: Utiliza contactos e redes existentes para validar ideias de forma rápida e eficaz.
  • Customer Discovery: Em vez de vender imediatamente, realiza sessões de descoberta para ajustar a tua proposta de valor.
  • Iterações rápidas: Desenvolve o produto em pequenos ciclos, ajustando rapidamente com base no feedback do cliente.
  • Testar hipóteses: Coloca no mercado MVPs (Minimum Viable Products) para testar hipóteses, aprender e ajustar.
  • Focus no problema, não na solução: Mantém-te flexível e aberto a ajustar o produto em função dos verdadeiros problemas identificados.
  • Validação contínua: Mesmo após lançar, continua a recolher feedback e a fazer melhorias contínuas.

Estas práticas criam uma base sólida para alcançar o Product Market Fit, garantindo que o teu produto realmente resolve problemas reais e é desejado no mercado.

Quais são os desafios de escalar uma startup?

Escalar uma startup não é missão fácil e a Infraspeak enfrentou diversos obstáculos neste processo.

Um dos primeiros desafios foi garantir que o produto pudesse atender a uma escala maior de clientes sem comprometer a qualidade. Adaptar o produto às necessidades de diferentes mercados exigiu flexibilidade e melhorias constantes.

Outro grande desafio foi montar uma equipa de vendas eficaz, especialmente com a diferença de conhecimentos entre os mercados português e americano. A Infraspeak superou isto ao aprender práticas de vendas avançadas em Silicon Valley e ao contratar e formar talentos alinhados com essas práticas.

A gestão do financiamento também foi crucial. Saber quando e quanto capital levantar foi essencial para assegurar um crescimento sustentável. A abordagem foi levantando capital em fases distintas, garantindo que cada ronda se alinhasse com as metas específicas de crescimento.

Por fim, manter foco no Product Market Fit enquanto escalavam foi determinante. A empresa continuou a validar e ajustar o seu produto conforme novas necessidades surgiam, assegurando que ele permanecesse relevante no mercado.

Estas práticas e estratégias ajudaram a Infraspeak a transformar desafios em oportunidades, guiando-a no caminho para se tornar uma referência global.

Para mais informações sobre os desafios que startups enfrentam, consulta nossos episódios sobre os problemas das startups e as experiências das startups em Portugal.

Questões Frequentes