30 de novembro, 2024
Descobre como a icónica marca portuguesa Sanjo ressurgiu das cinzas, enfrentando desafios e recuperando o seu legado histórico.
Gerado pela Frigideira
A história da marca portuguesa Sanjo remonta a 1933. Naquele ano, a Chaplaria Nacional, situada em São João da Madeira, decidiu ampliar as suas atividades. Originalmente conhecida pela produção de chapéus, a empresa viu na diversificação uma oportunidade para prosperar. Assim, deram o giro do fabrico de chapéus para calçados ao introduzir os seus icónicos ténis Sanjo.
O contexto económico e cultural da época desempenhou um papel crucial. São João da Madeira já era reconhecida pela sua forte presença na indústria de chapéus, e ao decidir reinventar-se, a empresa transformou essa comunidade numa referência para a produção de calçados nacionais. Este movimento não apenas solidificou a presença da empresa no mercado, mas também lançou as bases para uma marca que se tornaria sinónimo de qualidade e estilo durante várias gerações em Portugal. Esta ousadia levou ao nascimento de uma icónica marca nacional que, apesar dos desafios que enfrentou, conseguiu resistir à prova do tempo.
Durante o Estado Novo, a marca portuguesa Sanjo beneficiou de condições favoráveis que impulsionaram o seu sucesso inicial:
Essas condições políticas proporcionaram à fábrica de São João da Madeira um clima ideal para prosperar e consolidar a sua presença no mercado nacional. Quer saber mais sobre o contexto socioeconómico português e como afetou negócios como a Sanjo? Dá uma vista de olhos neste episódio com Francisco Cordeiro de Araújo.
Após 1974, a marca Sanjo enfrentou tempos difíceis. As restrições iniciais que ajudaram a Sanjo começaram a dissipar-se com a abertura económica pós-Revolução. Com a entrada de marcas internacionais, como Nike e Adidas, a competição acirrou-se.
Nos anos 90, já desgastada, a fábrica de São João da Madeira fechou em 1996, resultando na perda dos moldes originais dos ténis Sanjo. Esta situação colocou em risco a identidade da marca, que parecia incapaz de ressurgir.
Contudo, em 2010, um grupo empresarial decidiu adquirir a marca num leilão. Sem os moldes originais, esta nova administração empreendeu uma investigação extensiva, recolhendo pares de lojas antigas e fotografias para ressuscitar a marca com precisão.
Este esforço persistente reacendeu a paixão e a nostalgia em torno da marca portuguesa. Optaram por produção nacional, respeitando o compromisso com a qualidade. O resultado foi um renascimento da Sanjo, que hoje continua a honrar a sua herança, mantendo viva a história que se iniciou naquela fábrica de São João da Madeira.
Explorar como negócios transpõem adversidades pode inspirar novas perspetivas. Descobre mais histórias de resiliência aqui.
A vulcanização desempenhou um papel crucial na produção dos ténis Sanjo. Este método consiste em juntar a lona à sola de borracha, levando-as ao forno, onde a borracha derrete e "cozinha", criando uma adesão forte e durável. Este processo não só proporcionava maior durabilidade às sapatilhas, como também lhes conferia um aspeto mais rústico.
"A vulcanização é fundamental. Enquanto esta sola é colada à gaspe, à parte de cima, à lona, é colada, um método de colagem, aquilo não, aquilo é a borracha meia derretida, que põe-se a lona em cima e vai a um forno cozer."
No entanto, a produção na Europa enfrentou desafios devido a restrições ambientais, levando ao seu banimento. Para preservar esta técnica essencial, a Sanjo deslocou a produção para a China. Este movimento era, na época, a única maneira de manter a integridade do produto e honrar a tradição de qualidade associada à marca.
Para se adaptar ao mercado contemporâneo, a marca portuguesa Sanjo adotou várias estratégias cruciais:
Estas iniciativas destacam como a Sanjo continua a inovar e a se transformar num mercado em constante evolução. Interesse em saber mais sobre estratégias de reinvenção? Descobre como outras marcas estão a fazer a diferença no nosso podcast.